Poemas
Tempos Mortos
Decidido sobre superficialidades da vida
recito um poema para mim mesmo.
O autor é desconhecido
a língua não sei falar,
mas o recito lindamente.
Paro, e penso onde cheguei como poeta
penso em onde cheguei como pessoa.
Concluo que em um abismo sem eira, nem beira
só desejo, palavras e prazer.
Penso, também, na vida
na minha vida, na vida de meus semelhantes
na vida de um cachorro de rua
na vida de uma flor, que é morta para agradar uma vida
ou embelezar a morte.
A morte, que fascínio me traz a serenidade de sua chegada
é silenciosa, é fria e fiel
totalmente o oposto da vida
que chega e faz barulho
ensurdece os idosos,
e da aos recém nascidos o primeiro som da agonia.
É tempo de ver, ainda que tarde, o sol se pôr
e a vida rindo de cabeça para baixo
olhando em nossos olhos e acenando dando olá para a despedida
Caio, mais uma vez, no pensamento
que deu inicio a minha reflexão matutina: o tempo.
Ainda recitando um poema totalmente desconhecido
e sem saber, ao menos, o que significa
fico preso ao som de minha voz
que, no ambiente escuro e abafado do meu quarto, se espalha
como uma sinfonia.
O tempo passa. As horas correm contra mim
o tempo tenta me persuadir,
me manipula, e não o vejo passar por de baixo do meu nariz
que inala gases tóxicos para me manter vivo.
O poema termina, e continuo sem o entender
assim como a vida.
Passamos por ela sem saber sua língua,
sem entender suas gesticulações
sem saber como, quando e onde ela irá parar e se alimentar de nossas almas.
O tempo continua passando
para todos foram apenas horas de tédio no trabalhos
horas perdidas no tráfego da cidade
horas perdidas comendo, dormindo e até escrevendo
horas e mais horas
juntas e somadas dão uma vida
O tempo parou para mim
não há relógio, pôr do sol
a lua cheia brilhando no céu
não existe nada que o faça passar em minha vida
o tempo para mim, assim como para todos, morreu.
O tempo morreu, mas vida precisa continuar
seja com um poema indecifrável
sem lua, sem sol
sem desejo
sem prazer
sem humanidade
sem absolutamente nada
a vida continua.
Sem palavras pra descrever esse poema. Só posso dizer que você escreve muito bem. Parabéns!
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