Inicio, fim e meio



Nas incertezas da vida me coloco
como quem nada sabe
e, realmente, pouco sei da vida,
ou do que me espera amanhã.

Caminho em direção ao amanhã
esperando e pensando no hoje
e na transição desses duas palavras
tão iguais e singulares.

Ele chega para mim e entrega-me rosas
murchas, podres, odor de cemitério
aceito o passado de braços abertos
aceito a despedida e a chegada de algo novo.

Carrego-as para o destino incerto
nas coisas pérfidas que já praguejei aos sete ventos
nos lugares pelos quais passei, e não os notei.
Carrego comigo o peso de ser alguém.

Falei com os homens que passam
cumprimentei as belas damas
e sem pudor, sorri para todos eles
homens, crianças, mulheres, deuses.

Eu fui ao topo do mundo em poucas horas
fiquei no meio, entre o ontem, o amanhã e o hoje
nada vi além de dor e incertezas
nada ouvi além de frieza.

O ontem, cruel e doce me olhava
o amanhã, curioso e animado me observava
me perdi onde me encontrei
me depositei nos sedimentos dos que chegaram antes de mim.

Estatelado, horas se passaram e lá estava
nas incertezas da vida depositado
feito um recém nascido dependente de sua mãe
esperei por alguém.

A doce espera pelo amanhã
e a doce despedida do hoje nos torna amantes da despedida
essa sensação de vazio e preenchimento simultâneo
a presença e a falta, como uma única coisa.

Nas incertezas da vida me coloco
e lá fico, a espera do amanhã ao admirar o ontem
aproveitar o hoje esperando o inesperado
sinto alguém me acalentar. Me sinto.


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