Poemas
Inicio, fim e meio
Nas incertezas da vida me coloco
como quem nada sabe
e, realmente, pouco sei da vida,
ou do que me espera amanhã.
Caminho em direção ao amanhã
esperando e pensando no hoje
e na transição desses duas palavras
tão iguais e singulares.
Ele chega para mim e entrega-me rosas
murchas, podres, odor de cemitério
aceito o passado de braços abertos
aceito a despedida e a chegada de algo novo.
Carrego-as para o destino incerto
nas coisas pérfidas que já praguejei aos sete ventos
nos lugares pelos quais passei, e não os notei.
Carrego comigo o peso de ser alguém.
Falei com os homens que passam
cumprimentei as belas damas
e sem pudor, sorri para todos eles
homens, crianças, mulheres, deuses.
Eu fui ao topo do mundo em poucas horas
fiquei no meio, entre o ontem, o amanhã e o hoje
nada vi além de dor e incertezas
nada ouvi além de frieza.
O ontem, cruel e doce me olhava
o amanhã, curioso e animado me observava
me perdi onde me encontrei
me depositei nos sedimentos dos que chegaram antes de mim.
Estatelado, horas se passaram e lá estava
nas incertezas da vida depositado
feito um recém nascido dependente de sua mãe
esperei por alguém.
A doce espera pelo amanhã
e a doce despedida do hoje nos torna amantes da despedida
essa sensação de vazio e preenchimento simultâneo
a presença e a falta, como uma única coisa.
Nas incertezas da vida me coloco
e lá fico, a espera do amanhã ao admirar o ontem
aproveitar o hoje esperando o inesperado
sinto alguém me acalentar. Me sinto.
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