Crônica
Moça
Essa moça que passa. Que olha
pra trás. Preta, não negra, negrinha, morena ou mulata, preta
mesmo. Olhos escuros. Ela é bonita, usa saia, sai andando. Sai
cantando pela cidade, passa a lagoa pedalando. Visita o museu, anda
na praia, bebe no mar. Sorri na tua alegria, olhando no espelho.
Passeando na Gávea. Moça que passa, me abraça e me beija. Moça
bonita, que logo se despenteia e prende os cachos com um lenço.
Cozinha o feijão mulatinho, faz um banquete pra quem queira comer,
experimentar, saborear. Essa é moça boa, moça descente que sabe se
por e agir feito moça. Moça inocente, que quebra a maldade da
gente, exala pureza e fragrância de baunilha. Usa turbante e fios
no pescoço, quase africana, mas é brasileira. Moça, já falei
preta? Ela é tão encantadora que esqueço, que viajo na imaginação,
essa moça na minha vida, minha veia. Essa moça vai ser minha, vou
casar, criar família, com a moça da ruazinha que passava.
Nenhum comentário