Prosa
Pulsos
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Foto retirada do Google |
Não sei como começou, ou quando começou, eu só faço. Vocês devem estar pensando "Nossa, só quer aparecer." "Que idiota!". Mas não é bem assim. A coisa é bem séria. Eu ainda não encontrei nenhuma saída, eu tento parar, mas parece ser mais forte. É mais forte. As coisas mudaram muito desde que minha mãe morreu e meu pai me abandonou. Desde então eu vivo com meu tio que é divorciado, professor e está quase com 40 anos. Ele até tenta ser legal comigo, mas não muda o fato de me odiar. Não só ele, o mundo em si. Tenho 16 anos, me chamo Lucas e vou confessar que é tão duro ter que fingir estar bem, enquanto você desmorona, não que isso seja ruim porque as pessoas vivem desmoronando, mas continuar caindo é. Eu só caio, caio, caio e nunca chego no final. Eu tento entender o que acontece comigo, mas não tenho uma explicação sequer, só coloquei na cabeça aquilo que todo mundo fala de mim, que eu sou um estupido, um babaca, um marica que não aguenta pressão. Mas quando fica sério dizem que estavam brincando que nada do que disseram era verdade. Porém uma palavra dói, e muito. Se soubessem o quanto sou forte, o quanto eu aguento talvez parassem, mas as pessoas não ligam para as outras. Apenas para si mesmo.
Procuro um motivo para viver, um motivo pra sorrir. Mas nunca o acho. A minha única saída é descontar em mim mesmo. Não me julguem precipitadamente, primeiro entendam o motivo pelo qual eu faço isso. Muitas pessoas dançam, lutam, meditam para poder extravasar. Eu me corto. É assim que extravaso todo esse ódio que as pessoas depositam em cima de mim. Eu não sei como parar. Eu quero parar. Eu tento, mas sempre tem um ser que me leva a fazer isso novamente. Estou tão cansado da vida, cansado de tudo. Eu não tenho nada a perder. Minha família, meus professores, as pessoas me odeiam. Sem nem mesmo eu saber o motivo. Eu quero mudar, mas não posso. Não tenho pra quem mudar. Eu sou um alma a procura de seu lugar. Eu vago em uma viagem eterna. Acabar com tudo de uma vez é uma saída, mas não de um jeito duro. Cortar meus pulsos não seria ruim, mas isso exige todo um romantismo. Uma banheira, velas, o sangue formando flores nas paredes e eu afundarei lentamente naquela água avermelhada. Será como dormir. Devagar, gradativamente e então de repente. Apaguei. Não faria mais parte desse mundo, e assim o fiz. Deixei tudo que eu não tinha para trás, mas foi melhor assim. As pessoas se importaram comigo ao menos uma vez, ou pelo menos fingiram se importar. Por um momento em minha "vida" fiz alguém chorar e não ao contrário. A morte é tão doce e generosa que tenho pena de quem vive.
Ai que triste :/ cortou meu coração, eu entendo tão bem, sou real de dizer que fiz isso :/
ResponderExcluirhttp://janainapoderon.blogspot.com.br/
Em minha vida a tempestade passou
ResponderExcluire uma linda floresta se brotou.
Há flores e pássaros no lugar da chuva.